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Filme Uma Prova de Amor

Uma filha de onze anos pode processar seus pais para que seja reconhecido seu direito à autonomia médica?

Nos EUA, onde acontece a estória e foi produzido o filme “Uma Prova de Amor”,  isto é possível, por uma razão justificada aos olhos de uns e egoísta para outros.

Qual é aparentemente a questão central do filme?

A personagem Anna Fitzgerald, interpretada pela atriz mirim – que agora já é adulta –   Abigail Bresling (a que fez filmes como “A Pequena Miss Sunshine”), foi gerada para ser geneticamente compatível com sua irmã adolescente Kate, que sofre de câncer, para salvar sua vida. Para isso sofreu oito hospitalizações até os 11 anos, doava sangue desde os 5 anos, fez seis procedimentos de cateterismo, duas aspirações de medula óssea, duas remoções de célula-tronco e tomou hormônio de crescimento, tudo em meio a muita dor, porque são procedimentos, em sua maioria, invasivos e doloridos.

Quando chega aos 11 anos, contando com a cumplicidade do irmão do meio, vende escondida uma joia, procura um advogado (vivido por Alec Baldwin) e lhe pede para processar seus pais, pois afirma não querer doar seu rim para a irmã mais velha porque não aguenta mais os procedimentos médicos que lhe vinham sendo impostos desde quando era um bebê. E também porque quer ter uma vida saudável normal, o que não conseguiria somente com um rim.

A mãe, interpretada pela atriz Cameron Diaz (em um dos seus melhores papéis no cinema) é então confrontada pela atitude da filha e vai ao tribunal para defender, como advogada também, o que, segundo seu discurso, é o direito de sua filha Kate viver, pois o transplante de rim seria a única solução para tanto. 

Aqui é bom a gente “abrir parênteses” para ressaltar que, nesta parte do filme, curiosamente não se consegue simplesmente julgar a Anna e achá-la egoísta, e nem sequer seu pai consegue…

O filme segue e no tribunal o debate é visceral! Imaginem a discussão sobre como pedir o consentimento válido de uma criança de 5 anos para fazer procedimentos sucessivos super dolorosos ou a crise de consciência latente no ar quando o advogado afirma que não se quer simplesmente reconhecer o direito à autonomia médica, mas que seja reconhecido por parte da mãe que “as coisas foram longe demais”.

A questão central do filme que só se mostra ao final:

Mais do que mostrar o enfraquecimento do corpo como efeito da quimioterapia e das diversas crises seguidas de hospitalizações, o filme mostra, de forma emocionante, uma Kate que também sofre porque ela até aceita morrer, afinal está doente, mas não consegue aceitar o que a doença está fazendo com sua família. Neste ponto ela se culpa, por exemplo, pelo fato de todos estarem ocupados com seu câncer ao ponto de não verem que seu irmão era disléxico.

É neste ponto então que concluímos que o ponto central do filme é na verdade, o direito de morrer. A surpresa aí é que foi a própria Kate que pediu a sua irmã mais nova que entrasse com o processo, pois não quer mais viver. Quer apenas ver reconhecido seu direito de morrer sem medidas extremas e com seu último pedido atendido que é o de ir à praia.

Sua mãe porém, não quer, ou não tem a capacidade de aceitar a morte e sequer ouvir a Kate falar que está morrendo, até que se rende, quando sua filha está realmente partindo. Esta é a grande lição do filme: Como lidar com a morte de um ente querido e quando reconhecer que chegou o momento de deixá-lo partir.

Nosso Aprendizado:

No filme, durante uma hospitalização, quando é questionado o último desejo da paciente antes de morrer, alude-se ao termo Make-A-Wish, que de pronto não reconheci. Descobri depois que é uma iniciativa que existe também no Brasil e visa garantir o sonho de crianças com doenças graves. Iniciativa muito bacana de amor e generosidade. Fica a dica! Segue o link da página https://makeawish.org.br

Plataforma: Netflix

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