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Filme A saudade que fica

O que você deixou de mal resolvido, de inacabado na sua vida?

A morte como enredo fictício, mas próximo:

Nesse filme japonês que começa com uma cena que nenhuma mãe consegue assistir impassível – uma mãe na praia com o filho, que se vê atingida por uma onda gigante, criando no espectador uma sensação de estar vivendo esta realidade – conta-se a história de uma jornalista, mãe solo de um menino de 7 anos que morre em um terremoto, e em meio aos escombros, em uma praia, acorda sozinha e começa a perambular à procura de seu filho, porém, ninguém consegue ouvi-la.

O fato é que ela está morta e não consegue se comunicar nem tocar nada no mundo dos vivos, até que um rapaz passa numa kombi, e comunica com ela e a convida a segui-lo.

Eles seguem então para uma espécie de bar, num parque desativado onde algumas pessoas, ou melhor, espíritos, estão na mesma situação.

Quem ficou no meio do caminho?

Nesse momento então explica-se que todos estão ali porque deixaram algo inacabado, algo que deveria ter sido resolvido em suas vidas.

Neste ponto então passamos a nos questionar, e talvez o grande mérito do filme seja esse: se a gente morresse hoje, o que será que deixaríamos mal resolvido, inacabado?

Cada um tem a sua resposta, e mesmo no filme os motivos são os mais diferentes: Um rapaz morreu sem se despedir de seu pai e foi morto em razão de pendências com a máfia Yazuka. Seu grande problema mal resolvido foi uma menina de quem gostou, sem que tivesse dito isso a ela e que, ao final do filme, parte em paz, porque viu que embora a moça ainda se lembrasse dele, estava em um relacionamento com um homem bom e iria ser feliz. 

Há a mãe, que é a dona do bar onde todos se reuniram, que morreu preocupada porque achava que seus filhos não tinham o menor juízo, mas descobre que a gravidez de uma de suas filhas foi o fato que uniu toda a família e que todos aqueles filhos, na realidade, aprenderam muito bem a se virarem sozinhos. 

Há o escritor que era filho de um homem rude do campo e que se culpava por ser um menino franzino e não poder ajudar sua família, tendo morrido com raiva e descontando em todos esta sua raiva e que descobre, ao final, que sua morte veio trazer para seu pai uma outra realidade: ele aprendeu a ler e escrever e passou mesmo a escrever um livro. Ele, portanto, morreu e se ressentia do fato de não ter conhecido esse outro pai.

Há a jovem que se matou porque sofria bullying na escola e que tenta salvar outra menina que está passando pela mesma situação, mas não consegue porque está enfim em outro mundo.

A história da protagonista: ser mãe solo

E há enfim a história da protagonista que é tão tocante, e ao mesmo tempo banal e que pode representar muitas de nós mães: mães-solo que se desdobram para cuidar de seus filhos, trabalhando como desesperadas para ter recursos financeiros e que um dia se percebem (como a protagonista) nunca ter viajado com seu filho, cobrando o tempo todo dele na escola e nas tarefas, sem ter com ele um verdadeiro tempo de qualidade.

Conclusão

O filme deixa, enfim, um sutil gosto amargo principalmente para mães que correm o tempo todo atrás de serem perfeitas, de darem conta do trabalho e dos filhos sem pensarem que é preciso dar uma pausa em algum momento, pois a vida acaba para todos, necessariamente.

Plataforma: Netflix

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