Este filme é uma dica para tentar entender um pouco as origens do pensamento da Geração X
Em cartaz na Netflix, pode não ser do gosto de todos, mas vale no mínimo para te dar uma dica de como a dita geração X foi criada, acreditando em alguns valores que lhe passaram quando crianças e na crença de que o futuro seria um tempo melhor que o passado.
Algumas razões para não gostar
A vinheta inicial é feita com umas maquetes cafonas de um bairro em montagem e o personagem do Tom Hanks é um apresentador infantil das antigas, o Mr. Rogers, que tinha um programa denominado “Os vizinhos do Sr. Rogers” no qual dava lições de civilidade, amor ao próximo e humanidade às crianças (Estranho! Hoje em dia não sei se esses valores humanos estão sendo ainda repassados a elas nas mídias, né??).
Uma razão relevante para assistir
Só com a introdução do item anterior já deve ter gente torcendo o nariz, mas a primeira observação para te fazer pelo menos curioso para começar a assistir ao filme é que, mais uma vez, Tom Hanks comprova porque foi mais uma vez indicado ao Oscar. Sua atuação é tão impressionante que só vemos um senhor de meia idade com cara de tiozão e Tom Hanks quase que desaparece. Mas a película enfim não é sobre isso. Vamos lá!
Mais um bom argumento favorável
Um jornalista com suas próprias crises pessoais, rancoroso com o pai que acha que o abandonou e com uma relação fria com o filho ainda neném, vai fazer entrevistas com o Mr. Rogers, com sua visão pré-estabelecida e cínica quanto ao personagem e quando depara com essa figura, começa a mudar a sua vida, inclusive reavaliando a relação com seu pai, que está morrendo.
O fato é que aqui no Brasil não foi um programa famoso, mas nos EUA sim, e o personagem Mister Rogers soava bonzinho demais para ser verdade, daí o jornalista querer confrontá-lo.
O estranhamento do espectador e do personagem do jornalista
Eu só sei que eu também desconfiaria, como qualquer pessoa vivendo no século XXI, de um personagem que parece ser bonzinho e equilibrado o tempo todo, só que o interessante é que o personagem de Tom Hanks vai demonstrando que é humano também, com suas contradições e falhas, mas que consegue enxergar as fraquezas do jornalista e mudá-las, não através do exemplo, mas através de atitudes que fazem o outro olhar para si próprio. E isso é muito didático.
No mais, a transformação do jornalista é muito curiosa, porque é só quase no final do filme que ele enxerga (e nós, espectadores, também) como ele estava espelhando a relação com seu pai na relação com o próprio filho, deixando de dar afeto de forma inconsciente.
Conclusões
Todos nós carregamos nossas histórias pessoais e associadas ao local em que vivemos e à realidade temporal e, se um dia a gente cruzar com uma figura de um “bom vizinho”, por mais improvável que seja, e ele conseguir enxergar algo em nós que não tínhamos ainda percebido, talvez a gente não queira ouvir, porque temos limites autoimpostos, inclusive para perdoar alguém, pois como diz o personagem Mr. Rogers: “Você sabe o que é perdão: é uma decisão que tomamos de libertar uma pessoa dos sentimentos de raiva que temos por ela. E as vezes o mais difícil é perdoar quem amamos”.Ah! O filme tem ainda o seu contraponto. Está em cartaz nos cinemas o filme “O pior vizinho do mundo” estrelado pelo mesmo Tom Hanks que, ao que parece, é uma antítese a esta película objeto desta resenha. Vale a pena assistir também para ver se o Tom Hanks continua brilhando. E tudo indica que sim, né?
Respostas de 2
Esse filme é maravilhoso. Adorei a dica. Faz agente pensar sobre a fragilidade da vida. E o ser humano na sua complexidade individual e em comunidade.
Que bom que gostou, Fernanda! A gente indicou porque também nos trouxe muito questionamentos sobre o quanto o ser humano vem perdendo por não saber mais viver e construir em comunidade!