Mesmo um romance água-com-açúcar pode trazer um questionamento sem resposta pronta.
Um diagnóstico psiquiátrico não pode definir o que é uma pessoa
Neste romance pipoca (ou quase), o personagem principal é Jay, um playboy endividado e egoísta que passa as noites bebendo e perdendo dinheiro, apesar de estar em liberdade condicional e sendo perseguido por agiotas.
Seus pais não querem mais dar lhe dinheiro e um dia ele arruma uma confusão tão grande que se vê condenado a prestar serviços como jardineiro num hospital psiquiátrico.
Lá ele conhece Daisy, uma paciente que acaba de chegar ao hospital e é imediatamente entrevistada pelo psiquiatra, que lhe pergunta se ela sabe por que esta ali e ela responde que é por causa “das vozes”.
A partir desta resposta, o psiquiatra já conclui equivocadamente que ela é esquizofrênica e como ela não tem nenhum parente ou lugar para ir e apresenta uma ingenuidade por nunca ter saído de casa, ninguém se pergunta qual é efetivamente seu grau de incapacidade ou seu real diagnóstico.
Há também cenas corriqueiras de ação e romance
Neste ambiente, Jay e Daisy se conhecem e como ele precisa levar uma garota para o casamento do seu irmão para impressionar e pedir dinheiro para seu pai, leva Daisy.
No caminho para a cerimônia e no próprio dia dela, nada dá certo e o casal acaba fugindo numa kombi furtada do pai do Jay, até que ao ser alcançado pela polícia, Jay é forçado a se render, é preso e Daisy retorna ao hospital psiquiátrico, e no meio de tudo isso (é óbvio), ele já se interessou pela mocinha bonita!
Os anos passam, coisas acontecem e como esperado, há happy end, sim!!
O que é a normalidade psíquica?
O interessante é que somente Jay foi capaz de fazer ver ao psiquiatra do hospital que a moça não tem qualquer distúrbio psiquiátrico. As vozes a que ela se referiu ao chegar ao hospital eram as que sua mãe ouvia. Mãe que efetivamente tinha um transtorno psiquiátrico e tinha pavor das vozes interiores ouvidas, e o que é pior, criou a filha fazendo-a acreditar que o mundo exterior era realmente cercado de perigos horrorosos e que a menina, que depois virou adulta, não servia para nada e que nunca conseguiria sair de casa, amar e ser feliz.
Conclusão:
É um filme meio bobo até, mas vale prestar atenção a duas questões trazidas na película: A primeira é como uma mãe portadora de transtorno mental (no caso esquizofrenia com paranoia extrema) pode moldar sua filha, retirando-a do contato com o mundo, prejudicando seu futuro, ainda que de forma não intencional. E a segunda é como pôde não haver durante toda a vida da jovem qualquer suporte que pudesse ter enxergado os riscos desta relação e mudar os rumos de sua vida.