Se tivéssemos que definir um título pessoal para esse filme, ele seria “Lágrimas e lágrimas” do tanto que ele é tocante.
Uma sinopse que não fala sobre o real enredo do filme
Custamos a acreditar que um filme simploriamente definido no catálogo da Netflix como “uma mulher quer fugir do passado e encontra um engenheiro que lhe ajuda” possa ser muito mais que isso. Mas é!
Trata-se da história de uma mulher, Evee, que em crise de depressão profunda vai para uma cabana, pois mal tem energia para se levantar da cama e junto disso, não aguenta mais que lhe cobrem que deve ficar bem. Falta-lhe enfim uma básica vontade de viver, após perder seu marido e seu filho.
Ela parte então para uma cabana no meio do nada, sem carro, sem celular e tenta se virar até que, quase morre ao desmaiar, ao cair com a cabeça no chão, mas é salva por um caçador que lhe ajuda sem pedir nada em troca, Miguel.
É possível uma amizade real e desinteressada
Em raros momentos eles se veem, quando ele a ajuda, ensinando-a a caçar e divide com ela sua história que também é traumática: sua esposa e filha morreram num acidente de carro em que ele estava dirigindo, estando alcoolizado.
Um trauma certamente molda uma pessoa, mas a entrada deste novo personagem no filme, Miguel, já começa a nos dar uma dimensão de como as pessoas podem lidar com suas tragédias pessoais de formas diferentes.
Independente do grau de culpa, social ou própria que se dê aos fatos, existe uma realidade subjacente que pode não corresponder à nossa visão. E para chegar a ela, inclusive de forma curativa, uma rede de verdadeiras amizades ao redor pode ser uma grande porta de entrada.
O trauma da personagem principal
Já quase no final do filme descobrimos o trauma de Evee: seu filho pequeno e seu marido foram mortos num tiroteio aleatório num cinema.
No fim Miguel desaparece, não mais retornando para a cabana por muito mais tempo do que o normal e então Evee rompe seu juramento de não mais procurar notícias do mundo exterior, quando então descobre que seu amigo está morrendo de câncer.
O grande final
É então a visão desta morte que lhe dá enfim a única coisa que faltava para que entendesse que sua própria vida valia à pena e deveria voltar a viver: todos temos problemas, mas nunca estamos sozinhos. Vivemos interligados. A sua vida importa para alguém e você sempre tem a possibilidade de impactar uma outra pessoa, de forma positiva. Vale a pena tentar.