Nosso espaço deProtagonismo e Pertencimento

Falar sobre saúde mental ainda é tabu na sua família?

Primeiramente, é bom a gente advertir que não é só na sua família, trabalho ou círculo social que o tema é tabu não, viu?

Acha que não? Fale então num círculo de pessoas que você, seu filho ou seu parente tem o transtorno X, que toma algum medicamento controlado Y e aí você saberá o que é tabu.

E não se engane, o tabu nem sempre vem cercado por algum olhar de desgosto ou de algum comentário “caramba, que pessoa inconveniente de vir aqui tratar deste tema!”.

Não! Muitas vezes o tabu vem até acompanhado de uma face angelical e compreensiva, mas com um olhar que fala por si mesmo e não engana ninguém: “você me incomoda ao falar de um tema que não tem nada a ver comigo“, ou “tadinha desta pessoa, desta mãe… tenho que mostrar empatia e ser politicamente correta, já que é o que se espera de mim“.

Há ainda o tabu que é o mais prejudicial, que é o do próprio familiar:

– Sei absolutamente do que você está falando, tenho uma sobrinha que está passando por um período terrível de depressão, mas não quero falar sobre isso, não quero ouvir sobre isso e tampouco irei aconselhar minha irmã a procurar um psiquatra, um psicólogo ou analista para falar sobre isso senão vão dizer que eu, minha irmã e minha sobrinha somos malucas.

Viram como é o desafio?

Não é nada fácil, mas vamos lá… Sabe porque precisamos falar sobre isso?

1- Algumas razões para romper este tabu:

Seguem alguns motivos:

  • Só no ano de 2021, 37 milhões de brasileiros procuraram atendimento de saúde mental, segundo dado tornado público pela FENASEG (Federação Nacional de Saúde Suplementar), ou seja, são 37 milhões de pessoas que estão em tal sofrimento que tiveram que ultrapassar até o próprio tabu para buscar ajuda.

  • Sabemos que há uma relação entre a precária situação econômica de grande parcela da população brasileira e a ocorrência de transtornos de saúde mental, mas você sabia que dentre as 15,7 mil notificações de atendimento ao comportamento suicida entre adolescentes nos serviços de saúde no período de 2011 a 2014, o perfil mais destacado foi o do sexo feminino, de 15 a 19 anos, de pele branca e que geograficamente, o local mais frequente da ocorrência foi na região Sudeste?

Pois é! São dados trazidos na pesquisa Violência autoprovocada na infância e na adolescência promovida pela Escola de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz).

E então, por se tratar de um público que não faz parte da população de baixa renda devemos ser menos empáticos?

Não! O sofrimento mental destas jovens é assustador e a sociedade também tem o dever de acolhê-lo com empatia, e nós aqui na CamposHumana o fazemos todo dia. Acolhemos todas as dores, sofrimentos que circundam por todos os membros de uma família que adoece junto e certamente o das adolescentes que estão cada vez mais se automatizando, pressionadas por um padrão ilógico de beleza e sexualidades impostos pelas redes sociais.

Além disso, nos solidarizamos com cada mãe cuidadora, que lida com os desdobramentos no seu dia-a-dia dos sintomas flutuantes dos diferentes transtornos mentais de seus filhos.

Note-se que muitas vezes, os transtornos mentais sequer têm nome, diagnósticos, e mesmo assim estas mães cuidadoras e guerreiras continuam lutando para se informar e principalmente para saber o que é melhor fazer. Sem falar naquelas mães que até desconfiam por exemplo que sua filha não anda bem, mas não têm sequer diálogo com aquela menina que se transformou numa jovem irritadiça, solitária e quase não sai do seu quarto, trocando pouquíssimas palavras com seus familiares. Atenção: Este é um grande sinal de perigo, ainda que suas notas escolares estejam boas!

Enfim, a nossa jornada de empreendedorismo em saúde mental, de apoio a famílias TRIMS nos ensinou principalmente uma lição: a saúde mental ou a sua crise não pode estar encerrada em etiqueta de classe social, tipo de transtorno ou promessas de tratamentos milagrosos.

Só a informação isenta e que persegue senão uma verdade real (quase impossível de se achar) mas um panorama de mais de uma visão para disponibilizar aquela que a pessoa, dentro de seu juízo próprio, vai se interessar é que legitima nossa atuação. O resto é outro universo, seja qual roupagem que se queira dar a ele.

2- Mensagem para um/a profissional específico:

Por fim, queremos aqui deixar nossa mensagem também para um profissional específico: se você é um psiquiatra, psicólogo, psicanalista, acompanhante terapêutico ou profissional de saúde que acha que a família de um paciente faz verdadeiramente parte de seu tratamento; acha que ela merece respeito e informação de qualidade sobre todo esse universo que envolve o tratamento de seu ente querido, venha conversar conosco em nossas redes sociais, ou deixe sua mensagem aqui em nosso site, para que possamos, juntos, democratizar a informação com seriedade e profissionalismo a estas famílias estão precisando, para que possamos tornar a jornada delas, desafiadora por natureza, menos árdua e mais informada.

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